sábado, 30 de abril de 2011

O Preço do Progresso

Imerso em meu ser
Me vejo em metamorfose
com um percevejo
o percevejo e eu
Eu e o percevejo

De repente eis que surge
Um grande enigma
- Símbolo da vida -
Então percebo e vejo...

O mundo ao redor
Roda ao avesso
O inverso contra um terço
Reza um terço contra um meio
- Um meio turgescente
Sente o progresso

Os animais caminhando
Uns vão voando
Os que rastejam sofrem
E os sem ingressos
Tiram dos cofres
Apenas versos:

*

- Pobres de nós com as feridas
As narinas vulcânicas
Espirrando lavas incandescentes
E lágrimas dos olhos de brasa
Escorrendo até às bocas de fogo
Das crateras da vida.

*

- Se no objetivo o amor é zero
Por que não pôr fim a essa gula 
A gula insaciável
Da medula do 'progresso'?!

*

- Existe uma massa como a asfáltica
Onde máquinas passam por cima
Em nome do 'progresso'.

*

- Ai de mim, ai de ti
Ai de nós aqui
- Haiti.

*

- Existem dois tipos de fome:
a que causa a angústia e a miséria
e a que provoca a gula dos insaciáveis
- Cabe a todos combatê-las.

*

- Trepado a uma árvore
um bichinho imita o verde
e Louva-a-Deus para que ninguém o veja.

*

- Já não existem mais olhares tão meigos
quantos os da gata da janela
do meu quintal.

*

- ....
                                                 


Masmorra


Outrora a aurora laureava
A quietude meiguice de encantos
Milmente primaveril...
Primando pelas coisas bonitas
Gostosas, luminosas e silva da vida

Agora centelha espelha estilhaço
Paisagem queimada
Sinuosa angústia negra
Cinzental morbidão
Mordida na agucite das tenebrosidades
Longitudinais
Vínculos de sangue pisado
Recalcado na lembrança
Esperança de paraíso
Grudada na saudade

Desmoronando o porão de lágrimas
Líricas cristalizadas
Embrutecendo em enxurradas
Os verdões campestres pastorical
Florridentementes magoados

Costumeiramente o curtume está curtindo
E fundindo a nuca do marroá marrom indo Brasil
Pois é insuportável o suporte
Que não suporta mais a cuca
Cunhada com lascas históricas
Argamassa estrutural
No vento relâmpagos cambiantes
De beijos reprimidos
Olhares nativos rubis de fogo
Erotizados como sóis
Crivalizados em corações diamantes
Reluzindo as cores de ribalta
E a massa granfina de biscoito palito
Desmistificou o mito
Desnudando de uma vez por todas
O fanatizado guerreiro solidão

Hoje eu estou aqui, você aí
Outros lá, acolá, no alem
Do barro, o sopro da vida
Que em algum momento
Num segundo se esvai

Assim, a vida se perde no horizonte
Dos desejos, nos labirintos das paixões
E renasce na utopia dos meus sonhos
Sentimentos nobres, saudades
Lar doce vida, perdidas ilusões.

Autor: Isaias Matos Júnior,
     Poeta e compositor iguaiense.
      Em 1973 foi preso e torturado
                                                               pelo então regime militar
     e até hoje aguarda reparação
      por parte do estado brasileiro
  pelos danos físicos e morais
                                                              de que fora vítima.





terça-feira, 26 de abril de 2011

Patife de Bancarrota

Nessa vida intolerante
Tu, errante, te atolas
Amolas punhal da morte
E te açoitas porta afora
Como fosse chegada a hora
De acabar sofreguidão
Guidão, guidon
Guidão guiado à toa
Se espatifa pelo chão
Patife de bancarrota!

Com festas e pentecostes
E sete bocas nas costas
- Que importa apostar na provisão
Que importa o clarão lá fora
Se há escuridão por dentro!
Sem o acalento dos dias
E nas noites de insônia
- Como podes ser camarada
de pai do sono, pai de Sônia!

Quando tu pestanas ele te atazana
Te pega feroz em sonhos alucinantes
De lucidez de punhais
Te apunhalando sem sangue

Pai do sono é "Emoron Pódole"
Quando ele vem te deixa mole
Sem raça e sem força
Te faz retornar ao tempo
Em que foras somente
Pé de vassoura.

                         

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tragédia

Quanta desgraça
Tanta miséria
- Meu Deus,
Quanta destruição!

Quantas imagens já se passaram
pela visão de nós todos - seres humanos...
Tanto alerta já foi dado
Tantas coisas lindas já foram ditas
E ainda assim
Quantos não conseguem enxergá-las!

Desde quando e até quando
- Que mundo é este meu Deus!

- Perdão, Senhor!
É que eu não sabia que ainda existem tantos 
que não conseguem enxergar nem a si mesmos.

- Perdão, Senhor!
É que eu não sabia
que eles ainda não sabem o que fazem.

                                             



sexta-feira, 22 de abril de 2011

Poeta Sem Letra

O poeta está na avenida de pés na calçada
Contemplando o horizonte...
Quando de repente
Aproxima um sujeito maltrapilho
E estendendo-lhe a mão
Humildemente suplica:

- Dá u'a poesia pelo amor de Deus...
- Dá u'a poesia pelo amor de Deus!...
Então o poeta retruca:

- Meu caro plebeu
Por este teu pedido
Por este teu semblante
Te digo deslumbrante:

- És mais poeta do que eu...
Diante este cenário
Tu já és a própria poesia
Que os '($)homens' abandonaram.

                                    

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Semana Santa

Um pescador
- Pecador -
Pescando a dor
De pecar.
                                   

terça-feira, 12 de abril de 2011

O Laço



Armei um laço pra pegar a liberdade
e caiu você,
raposa velha,
usurpadora dos meus sonhos!


Hai-kai

Um passarinho andava pelo meio da rua
bi
                                        can      do                                       s.
                                                       a       vi        da                             a                         
                   quando de repente foi atropelado...       s         
-  Já havia esquecido ele de que tinha  a

Brincando Com a Vida

A vida é tão difícil
E eu brincando com ela
- Veja só!
Mas é porque ela gosta
Ela brinca comigo também
E briga
Mas é só pra que eu diga:
- Que brinco!
És o brinco do meu piau em tuas orelhas
Em pescaria de menino...

É...
Enquanto eu vivo brincando
Ela vive sorrindo
A gozar nossas brincadeiras
Que convidam outras vidas
Para brincar

Assim brincando brincando
Um dia uma vida convidou o mundo
Para também brincar
E brincando brincando...
Ela pariu um mundinho
Que vivia a brincar
Obrigando a seu pai
Uma nova era criar
Para abrigar com amor
Toda a geração...

                                    

O Despertador

O tic tac do relogio
Todo dia tira
Um tico do meu sono
E um taco da minha vida...

Ele desperta a dor do coração
O qual responde:
- Toc toc toc toc...