domingo, 19 de junho de 2011

A Liberdade das Palavras

É hora!
Inda bem não peguei na pena
E as palavras já fogem assim
Que nem passarinho da gaiola...

As palavras são assim mesmas
Livres e independentes
Elas não gostam de estar tão presas
Como as de um livro fechado
- Abafadas -
Clamando por liberdade!
                                                            

Casulo

Durma com esse barulho!
Eu preciso de um entulho
Pra nivelar a minha casa
E me livrar do susto
Que me embrulham lá fora

Por isso é que me abuso
Pego o búzio
Coloco-o no ouvido
E ouço aquele marulho
- O mar maroto
Amarrotando o meu arroto
De miséria no ar

Mas você veja lá
A gente nove meses acostumado
Numa bel mordomia
E num repente nascer...

Por isso a gente nunca mais esquece
E vive sempre a procurar abrigo
No mínimo um cobertor
Para nos aquecer!
                                                      

terça-feira, 7 de junho de 2011

O C de Calma

Ah! Gerdalva, Gerdalva
Não sei o que seria de mim
Se não fosse o C
A me tocar a alma!
                                               

Concha Acústica

Pelos percalços da vida
Sigo descalço
No encalço da canção
Não desejo olvidar
Dessa concha acústica 
Que ora os meus ouvidos devoram
E me abrem o coração...
 Ruídos
 Todos eles se dispersarão um dia
 No avanço da tecnologia...
 Mas, que não se dispersem jamais
Esse som
Esse dom
Esse tom do Tom
Esse ano do Caetano
Esse Gil do Gilberto
Esse tio do João
 Esse vício do Caymmi
Que caiu tão bem no Vinícius
 Tampouco o Toquinho
Nem esse Chico do Francisco.
Pois o cisco que cai no olho
Não ataca os ouvidos
 E dos idos do ovo
Os meus pés descalços
Calçarão um sapato novo
E o lombo da sola será macia
- Supermacia -
Como a pele das faces
Que mãos leves acariciam.
                                                                          

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Terra Prímula

Há uma terra
Prímula
Simpatia
Do bem
E da paz
Concha acústica
De toda voz

Há uma terra
Teia de gente
Abrigos
Repletos de luz
Homens honestos
Trabalhadores sequiosos
De direitos humanos

Há uma terra
Gente modesta
Refuta caras de vidro
Espelhos
Espalhados
Fechados
Inaudíveis à canção

Há uma terra
Num porvir
E num cantar
Um canto soturno
À altura do ombro
É a canção que mantém
A dignidade do homem.
                                                                     

Movimento Inercial

O tempo passa
Treme o ar
O sol se põe
Morre o dia
A noite dorme
Geme silêncio
Para parir
Outro dia
De angústia
Aflição
Tormento
Infração
Falcatruas
Fadiga
Inflação
E uma flexãozinha...
Para depois dormir também
Sem ter resolvido nada.
                   

À Vitória da Conquista do Amor

Serra após serra
O ônibus a balouçar
Nos leva à tua terra
A estrada em asfalto alto
É o salto preto do teu sapato

Vais tão terna deitada em meu colo!
Solo depredado dado a pedras
Os corpos no vai e vem
Os corações tambem depredam

Pulsação na mão prendada
Prende a pedra do anel
Tua terra manto lindo
Tem no alto um belo Cristo
Visto acima um perto céu

Com Lúcius Flávius e Pixotes
Aos galopes por este País
Giz de sangue melado
A teu lado neste trâmite
Até gelado eu peço bis

Sol entrando o céu aberto
Reflete a luz deduz a cor
Vais tão terna deitada em meu colo
À Vitória da Conquista do amor.
                                                                                

Reflexsol

Acorda mais uma manhã
De olhos esbugalhados abre o sol
Olha a vida
De olhos arregalados abre o sol
Rega a vida

Furtam cores os teus olhos de cílios negros
Como o sol de cílios loiros
Furta as cores verdes mate matizadas
De arcoíris em gotas 
De pétalas orvalhadas

De pernas de metralhas
Furtam pérolas os bandidos
Roubam flores ladrões mascarados
Temidos por girassóis
Gigantes arregalados

Pinta o sol as melenas tuas
A desafiar a brisa nua
Das manhãs ao acordar

Pinta o sol 
Para arregalar os olhos da terra
Pinta a terra tão bem o sol!