domingo, 7 de agosto de 2011

Estatua Viva

                                  Poema em homenagem ao grande poeta baiano Castro Alves
                      (in memoriam)       


Por ciúme das estrelas
É que me prende a terra
Por esta terra
É que me prende um chão
Por este chão
É que me prende uma praça
Por esta praça
É que me prende uma pedra...

 Que esta pedra que me prende os pés
E essa aurora radiante a me prender a visão
Seja tudo pelo amor da massa
Que me fez poeta
  Que me fez pedra
Para não fugir
Nem morrer.
                                                         


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Silencio do Nosso Amor

O silêncio do nosso amor
Se confunde
Com o silêncio da madrugada
Que penetra no escuro do quarto
De uma noite quente
Fremente
Fremente como o arfar dos corpos
Que atiçam a chama
De um amor que acende
Acende a ponta desse silêncio
Que penetra sexo adentro
Na calada da amante
                                         noite
                                                      que
Depois abraça o meu corpo
Sonolento
Lento como o caminhar da preguiça
Do acordar mais cedo.
                                                             

O Mendigo e o Edificio

O edifício cresce
Cresce com a grandeza
De um ser todo poderoso
A calçada fede
Fede com as impurezas
De um ser todo pobridoso

Um embaixo outro em cima
O de baixo pensa:
- Uma coisa eu sei
Sei que ele invade
No entanto sou evadido
Quando tento invadir

Eu careço e perco vida
Ele encarece e ganha vida
Careço do que ele oferece
No entanto morro
E só então terei forro...

Se ele também pensasse
Talvez me desse
Mesmo que esperasse
Parte da vida
De mim consumida...

Mas ele não pensa
Ele é duro e tapado
Sua cabeça é de ferro
E seu coração
De cimento armado.
                                                                      


O Bairro e a Morena

Vou me banhar no Rio Vermelho
Rio que corre em tuas veias
Menina bela
Morena da praia
Minha sereia e minha arraia
Minha bola e meu anzol
És a cachaça e o meu terno
O meu sorriso de sol na areia
E o meu doce lençol de inverno

Quero viver teus encantos
Tua arte
Tua magia
Ser cantor ator ou poeta
Cantar tua gente
Tua vida
Tua historia
Mar amor e festa

Quero te saudar
Célula rio da vida
Que cresce e multiplica
Tão bela
E de energia plena!...

E só morrer
Inteiramente afogado em ti
Querido bairro
Querida morena.