Caminho torto
por passeios feios
de calçadas tortas
eu, que sou tão certo!
Vou passando, indo...
- Que importa aberta a porta
quando há gente fechada lá dentro
- Que importa noutra entrar
também há gente lá
pessoas que se abrem
- sinistramente -
naturalmente em portas fechadas.
Apresso o passo
vou passando
pernas comendo ruas
e paralelepípedos pontudos
lambendo os passos...
Vou que vou
dando as minhas topadas
aqui e ali
trombando com gente
de olhar maior do que a barriga
dando as minhas topadas
aqui e ali
trombando com gente
de olhar maior do que a barriga
da esquina
que
- saliente e gélida -
parece insinuar a existência
de um pífio rei dentro dela.
Contudo, vou
empertigado, sem destino
os pés feridos
no sapato preferido...
- Quem sabe não estarei por demais abstêmio
- completamente desatinado -
ou talvez mesmo perdido!
Assim mesmo eu vou
e voo...
Mas como voa o tempo!
E agora
aqui me encontro de novo
aqui estou
E já passados
acertados todos os passeios
as calçadas continuam tortas
e eu feio...
Pois tão certo já não sou
as calçadas continuam tortas
e eu feio...
Pois tão certo já não sou
já que a vida
Essa vida me entortou.
Essa vida me entortou.